sábado, 13 de julho de 2013



ERA UMA VEZ

       Pelo título, fica bem claro que esse texto se trata de uma ficção, algo apenas existente no imaginário daquele que escreve e, que se por acaso alguém ler, vai instigar uma reflexão sobre as mais variadas possibilidades de veracidade, ou não, de fatos cotidianos.
      Era uma vez em uma longínqua cidade do interior dessa imensa nação, cidade essa que fica localizada no centro oeste do estado mais ao sul, distando cento e poucos quilômetros da fronteira com a terra de um famoso jogador, que não é melhor que o Pelé. Pois bem; nessa cidade que não vou revelar o nome, aconteceu um caso inacreditável, inexplicável, inominável e, portanto inolvidável.
      Um cidadão criou um pinto como animal de estimação. Quase todo mundo prefere gatos, cachorros, pássaros, mas esse cidadão que vamos chamar pelo fictício nome de sanatiel, criou um pinto. Pois bem, não apenas criava o dito galináceo dentro de casa como seu fiel amigo e companheiro como também passeavam pelos bairros sempre lado a lado com seu pinto.
      Até aqui nada de sobrenatural, caso o Sanatiel não fosse um homem solitário e que às vezes chorava as mágoas para seu fiel companheiro junto com generosas doses de trago, e foi numa dessas bebedeiras que Sanatiel teve a iluminada idéia de buscar um motivo porque o pinto não falava, uma vez que qualquer periquito vive falando. Chegou à conclusão examinando a língua do pinto e constatou que o caso era devido a não ser redonda como a dos papagaios.
      Sanatiel derramou um pouco de cachaça no bico do pinto e com todo cuidado foi operando com afiado canivete a língua do indefeso penoso, até ficar arredondada, depois disso caiu em um sono profundo que durou até o amanhecer.
      Pela manha acordou em um sobressalto, lembrando do terrível ato e imaginado ter matado seu melhor amigo, mas para espanto de Sanatiel o pinto estava ao lado de sua cama e com as malas prontas e abrindo as azas falou em bom português: “- Obrigado Sanatiel pelo que você fez por mim, nunca vou esquecer, mas tenho que fazer minha vida longe daqui”.
     Nunca mais se ouviu falar do pinto e depois disso Sanatiel jurou não mais ter outro animal de estimação, continuou sozinho e bebendo cada vez mais solitário e muitas vezes se maldizendo por ter proporcionado a fala ao pinto e devido a isso ter sido abandonado.

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