domingo, 1 de abril de 2012

A ILHA




De repente sem mandar aviso, pelo menos que tenha sido aparente, você se encontra em uma ilha, mas não numa ilha cercada de água por todos os lados, mas numa ilha do isolamento social, em que tu tens o contato visual com o movimento cotidiano dos outros, sim dos outros, que nem ao menos olham ou estão interessados para tua unha encravada ou tua renite alérgica que faz com que teus olhos lacrimejem ou espirre sem parar. A ilha que me refiro e que com certeza já perceberam é a ilha da solidão na multidão.
A ilha costuma se manifestar aos domingos no cair da tarde, sempre de uma maneira sorrateira, depois de você ter descartado todas as possibilidades de convivência entre os pseudos-chegados e vê-los cada um seguindo seu destino pré-ilha, ou de eterno compartilhamento social.
De repente não mais que de repente, você começa a fazer movimentos repetitivos: como olhar pela janela, abrir tua caixa de mensagens, entrar na Face book, olhar o tão desprezado Orkut, ligar a TV. Trocar a estação do rádio. Sua busca é bem mais intensa e despercebida do que tua vã filosofia.
Se ainda não percebeu você está na ilha. Não naquela ilha do náufrago, onde depois de conseguir água potável e alimento o solitário busca abrigo e alguma forma de sobreviver até ser salvo por uma embarcação, na verdade tua ilha é bem mais inóspita e mais cheia de complicações do que uma simples e paradisíaca porção de terra aparente em meio às águas.
Você está na ilha da contemplação, da caverna de Platão, na difícil arte de conviver nesse mundo louco e desenfreado que é os dias atuais. Que saudade daqueles tempos onde você via o mundo azul, voltando mais puro do céu.
Bem, vou finalizar esse texto e torcer para que minha professora de filosofia não leia e acabe mandando me enfiar na zona e deixar de ser tão melodramático e torcer também para que meus poucos leitores não aumentem as milhas náuticas de nossa ilha, mandando anônimos avassaladores , que só vão fazer com que eu comprove cientificamente a teoria da ilha.

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