ERA UMA VEZ
Pelo título,
fica bem claro que esse texto se trata de uma ficção, algo apenas existente no imaginário
daquele que escreve e, que se por acaso alguém ler, vai instigar uma reflexão
sobre as mais variadas possibilidades de veracidade, ou não, de fatos
cotidianos.
Era uma vez em
uma longínqua cidade do interior dessa imensa nação, cidade essa que fica
localizada no centro oeste do estado mais ao sul, distando cento e poucos quilômetros
da fronteira com a terra de um famoso jogador, que não é melhor que o Pelé.
Pois bem; nessa cidade que não vou revelar o nome, aconteceu um caso
inacreditável, inexplicável, inominável e, portanto inolvidável.
Um cidadão criou
um pinto como animal de estimação. Quase todo mundo prefere gatos, cachorros,
pássaros, mas esse cidadão que vamos chamar pelo fictício nome de sanatiel, criou
um pinto. Pois bem, não apenas criava o dito galináceo dentro de casa como seu
fiel amigo e companheiro como também passeavam pelos bairros sempre lado a lado
com seu pinto.
Até aqui nada de
sobrenatural, caso o Sanatiel não fosse um homem solitário e que às vezes
chorava as mágoas para seu fiel companheiro junto com generosas doses de trago,
e foi numa dessas bebedeiras que Sanatiel teve a iluminada idéia de buscar um
motivo porque o pinto não falava, uma vez que qualquer periquito vive falando.
Chegou à conclusão examinando a língua do pinto e constatou que o caso era
devido a não ser redonda como a dos papagaios.
Sanatiel
derramou um pouco de cachaça no bico do pinto e com todo cuidado foi operando
com afiado canivete a língua do indefeso penoso, até ficar arredondada, depois
disso caiu em um sono profundo que durou até o amanhecer.
Pela manha
acordou em um sobressalto, lembrando do terrível ato e imaginado ter matado seu
melhor amigo, mas para espanto de Sanatiel o pinto estava ao lado de sua cama e
com as malas prontas e abrindo as azas falou em bom português: “- Obrigado
Sanatiel pelo que você fez por mim, nunca vou esquecer, mas tenho que fazer
minha vida longe daqui”.
Nunca mais se
ouviu falar do pinto e depois disso Sanatiel jurou não mais ter outro animal de
estimação, continuou sozinho e bebendo cada vez mais solitário e muitas vezes
se maldizendo por ter proporcionado a fala ao pinto e devido a isso ter sido
abandonado.
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